O Fórum Vinhos de Portugal reuniu no Palácio da Bolsa entidades e produtores da fileira do vinho num dia dedicado à divulgação dos planos de promoção, análise do comportamento do mercado nacional, evolução das exportações, mas ainda ao debate de temas cruciais para o futuro da fileira como a sustentabilidade da fileira da vinha e do vinho, a agricultura sustentável e a biodiversidade. Em resultado de um esforço de concertação de estratégias de promoção externa, as CVRs, IVDP e ViniPortugal apresentaram à mesma mesa os planos de promoção para 2013. Para a promoção dos vinhos portugueses continuarão a ser investidos 7 milhões de euros e verbas equivalentes serão alocadas pelas Comissões de Viticultura e pelo IVDP, perfazendo um total de 15 milhões de euros. Na sequência da apresentação de Francisco Mateus, do IVV, na qual foi traçada a evolução das exportações e a quebra do mercado português, Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal sustentou que "a queda de consumo de 5% no mercado nacional foi compensada com o crescimento das exportações no mercado internacional. São sinais positivos que confirmam a estratégia adequada, à qual é necessário dar continuidade". Durante a tarde diversos especialistas participaram nos painéis de debate sobre produção biológica, preservação da biodiversidade e o impacto das alterações climáticas na fileira da vinha e do vinho. Para Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, «A conferência sobre sustentabilidade apresentou bons exemplos que gostaríamos que fossem adaptados à fileira do vinho, para que o vinho se possa tornar “amigo do ambiente” e se adapte às alterações climáticas nos próximos 20 ou 30 anos». Coube a Nuno Oliveira, do ISG, inaugurar a conferência sobre Sustentabilidade da fileira da vinha e do vinho, subordinado aos temas da agricultura sustentável e da biodiversidade. O biólogo da área de ecologia e investigador coordenador da área de Ambiente e Sustentabilidade do ISG apelou à consideração da sustentabilidade como factor de sobrevivência mas também de diferenciação e competitividade. Na sua apresentação destacou o impacto das alterações climatéricas no sector dos vinhos, explicou que o capital natural das D.O. pode ser mais rentabilizado e ser diferenciador, e explanou o que contribui para a sustentabilidade de um vinho sustentável, nomeadamente a gestão da água, dos solos, reutilização de químicos, energia Na sua apresentação, Alfredo Cunhal Sendim, da Herdade Freixo do Meio, explicou qual a complexidade de lidarmos com problemas novos, que até agora não tivemos. Evidenciou os ecossistemas como pauta essencial de produção e apresentou o exemplo de plantação de vinha no Freixo do Meio com pressupostos diferentes do costume, ao nível da gestão do solo, factores diferenciadores, gestão do risco e gestão dos ecossistemas. O produtor salientou ainda a necessidade de reimprimir a regulação mundial para dar apoio às alterações necessárias e a importância do sector público na promoção à I&D, concretamente na aplicação à agricultura António J. Magalhães, QVB, focalizou a sua apresentação nos problemas causados pelo modelo de viticultura actual no Douro e a necessidade de modelo. Ao evidenciar o modelo desenvolvido pela Flagdate, demonstrou a diferença entre a viticultura convencional e a viticultura sustentável e biológica em várias vertentes, designadamente na gestão dos infestantes e promoção de enrelvamentos, na gestão de pragas e nos gastos de resíduos. No final das apresentações, Manuel Carvalho, diretor adjunto do Público, dirigiu o primeiro debate focado no tema da agricultura sustentável e no desafio de produzir mais com menos, incorporando valor nos vinhos e tirando partido do valor de certificações no negócio. O segundo painel foi iniciado pela apresentação de Cristina Carlos, da ADVID, que fez uma análise da importância da biodiversidade funcional. A paisagem como elemento essencial no contexto da biodiversidade e das práticas agrícolas que influenciam a paisagem mereceram destaque nesta apresentação que também realçou os projectos específicos na área da biodiversidade aplicada á gestão a vinha. Eiras Dias, da PORVID, foi outro dos oradores deste painel de debate. A abordagem incidiu na apresentação da diversidade da ampelografia nacional, composta por 350 castas, e as 25 castas com mais utilização. A exposição focou ainda as colecções de castas nacionais e a estratégia e acções de execução de cada projecto, assim como a origem da diversidade da videira, com enfoque na introdução de outras regiões, cruzamentos naturais e multiplicação vegetativa. Em sistema de vídeo-conferência Pedro Ballesteros, Torres MW, Signatários do Wineries for Climate Protection, interagiu com a audiência do Fórum e o painel de oradores. Apresentou a iniciativa do sector do vinho europeu a favor da redução de emissão de gases, extensível tanto à construção de edifícios, reutilização de energias renováveis, como à adopção de boas prácticas de produção, ao menor consumo de água e aplicação de químicos, e à utilização de embalagens ecológicas, implementação de hábitos de reciclagem e de logísticas mais eficientes, e um maior investimento na investigação e produção. Pedro Ballesteros apelou à necessidade de antecipar para fazer face às limitações da legislação que está em construção, e finalizou a apresentação elogiando as condições naturais e históricas que Portugal detém e que são vantajosas para que se posicione na linha da frente nos tempos de sustentabilidade. Pedro Garcias, jornalista do Público, foi o moderador do debate deste painel dedicado ao tema da biodiversidade, onde foi discutida a hipótese de um acordo de regiões IG e DOC para prácticas de sustentabilidade e foi abordada a importância da cidadania no desenvolvimento sustentável.