Não há dúvida de que Portugal está a passar por um momento economicamente difícil. Enquanto escrevo, o governo põe em prática um orçamento de austeridade para tentar tranquilizar as agências de rating internacionais. Mas, em completo contraste com toda a melancolia presente, os vinhos de Portugal estão em alta. Chegou o momento dos vinhos de Portugal brilharem? Portugal tem muitas coisas a seu favor. Produz vinhos tintos que encaixam facilmente no mesmo perfil de sabor que deu à Austrália tanto sucesso. Os seus brancos tanto são mornos e ricos, oferecendo uma alternativa para Chardonnay, como vivos e frescos, para considerar, em vez de Pinot Grigio. São vinhos amigáveis, tal como o povo. E têm, em muitos casos, as melhores relações preço/qualidade do mundo - basta olhar para a lista das Top 100 Best Buys que publicamos em Novembro passado e em alguns das sugestões de negócio publicadas na edição deste mês. Na realidade, as exportações de Portugal para os EUA aumentaram 42% entre 2004 e 2009. Mas a maioria de nós não vê os vinhos nas lojas americanas, porque as importações foram tratadas principalmente pelos importadores Portugueses que venderam exclusivamente para os compatriotas em estados como Nova Jersey e Connecticut. Isso é compreensível, há uma grande dose de orgulho cultural nos Portugueses e seus descendentes. Mas fico feliz porque a maioria de nós vai finalmente ter a oportunidade de provar estes vinhos maravilhosos. Eles devem começar a chegar em breve a um público mais amplo porque, cada vez mais, importadores não-portugueses estão a mostrar interesse e há uma maior variedade de vinhos a ter em conta. Todos os meses recebo vinhos de produtores que estão a estabelecer-se pela primeira vez no mercado americano. E alguns dos importadores estão também a criar marcas próprias de vinho Português, vinhos que são feitos sob medida para o mercado americano: orientados para o sabor da fruta e prontos a beber. Quando estes vinhos aparecerem nas lojas, o que deve procurar? As regiões que mais se vêm são o Douro, Alentejo e Vinho Verde. O Douro, com a sua tradição em Vinho do Porto, faz com que os vinhos sejam mais estruturados em relação aos outros dois. Os vinhos envelhecem bem e competem com orgulho no cenário internacional com os sabores do Vale de Napa, Toscana e Chile. O Alentejo é o actual sul da Itália e Sicília: vinhos amigáveis embrulhados em suculenta fruta madura. O terceiro membro do trio, o Vinho Verde, apresenta vinhos elegantes de baixo teor alcoólico, por vezes com leve efervescência. São vinhos que aprendi a amar, em parte porque eles são de baixo teor alcoólico, em parte porque eles são frescos. Não há meias conversas, você compra-os e bebe-os. E em parte, delicioso, porque eles cantam o verão. Claro, existem muitas outras regiões em Portugal, para explorar, e eu acho que a minha pontuação para os seus vinhos estão a subir. Duas regiões são novas - Lisboa e Tejo. São novas no sentido em que os seus nomes foram alterados em 2008, de Estremadura e Ribatejo, respectivamente. Mas o que eles podem oferecer também mudou. Das duas, Lisboa tem evoluído de forma mais dramática. A área tradicional de vinho a granel que fornecia a capital de Portugal, é agora o sítio para encontrar aqueles brancos de saciar a sede que Portugal tão bem produz; e tintos que têm muitas afinidades com o Bordeaux (ambas as regiões têm climas marítimos) , mesmo as castas sendo diferentes. Ah, sim, as Castas! Será que a ideia de beber vinhos tintos feitos de Tinta Roriz, Trincadeira, Alfrocheiro e Touriga Nacional o preocupa? Ou brancos Alvarinho, Arinto, Encruzado ou Loureiro? Bem me parecia que não. Estas castas não são o desafio para o vinho Português, mas sim o entusiasmo - eles oferecem todos os sabores que se esperam de tintos ricos e brancos vivos, mas com um twist emocionante e original. Eu adoro os sabores de ameixa e morango da Tinta Roriz (conhecida como Tempranillo em Espanha), os perfumes e taninos firmes da Touriga Nacional, os sabores minerais a pêssego e damasco de um Alvarinho (tão diferente do Albariño espanhol e cresceu a poucos quilómetros distância); o maravilhosamente férreo citrino de um Arinto; e a rara Síria, que das montanhas do leste de Portugal nos dá vinhos com sabor a mel. Se estou entusiasmado com estes vinhos? Obviamente que sim, e com boas razões. Orientados para o valor, diversos e até mesmo um pouco exóticos, os vinhos Portugueses devem estar na sua lista de novas experiências em 2011. Veja o artigo original.